As pessoas sempre contaram histórias, reais ou fabulosas, oralmente ou através da escrita. O conceito de conto, hoje em dia, foi ampliado em relação a este citado acima. O conto é a narração de um fato inusitado, mas possível, que pode ocorrer na vida das pessoas embora não seja tão comum.
Como narrativa escrita o conto surge na literatura Brasileira durante o início do Romantismo, mas os autores românticos não conseguiram se destacar através desse tipo de texto. O primeiro grande contista brasileiro, Machado de Assis, iria surgir no início do Realismo, e seu nome se tornaria consagrado pelo brilhantismo com que dominava as palavras.
Além de fecundo na diversidade temática, os contos brasileiros são fecundos na produção. Talvez isso aconteça porque os contos produzidos no Brasil, principalmente a partir do modernismo, tem adquirido identidade própria e se manifestado das mais diversas maneiras, de modo que dificilmente são fiéis às características acima citadas.
Podemos até arriscar falar sobre alguns tipos de contos, como os contos alegóricos, os contos fantásticos, os contos satíricos, os contos de fadas, entre outros, mas não podemos traçar características fixas para eles, justamente devido a essa liberdade que os autores têm de imprimir novas características a cada conto que produzem.
Rosa em cena
Rosa vestiu chita. Acordou apressada. Foi ao salão, costureira, Dona Cica. Pediu escova, tirar as barras das saias e diminuir os babados... Fez um corte de cabelo alado. Tirou franja, pintou as unhas, limpou os pés. Foi pra casa, fritou o quiabo.. Preparou o molho, cozinhou no azeite o macarrão. Descongelou a carne. Mergulhou o arroz, temperou o feijão. Do preto. Sentiu falta da calabresa, contou as moedas, visitou a vizinha...encheu o tanque... esfregou as calcinhas. Queimou a barra nova da saia. Gritou de raiva. Limpou a casa. Encerou o piso, varreu o quintal. Lavou a calçada. Ligou o som, encheu as formas de gelo. Passou um café. Queimou a tomada. Devorou o almoço. Foi ao orelhão. Derramou duas lágrimas, acabou o cartão. Passou na padaria, comprou pão, mussarela e mortadela. Contou os centavos. Pediu um cigarro. Visitou a vizinha. Encheu a jarra de gelo. A cuia de erva. Sentou na calçada. Tomou tereré. Deu oi pro amigo de escola. Comprou um cartão para celular. Ligou para prima. Amanhã vão almoçar... As duas adoram fofocar. Lembrar do passado, falar dos temperos, das novas roupas e invejar os sapatos. Pensou no trabalho. Lembrou do filho que um dia vai ter. Ligou a tv, o ventilador. Riu sozinha. Estourou a pipoca, abriu o livro. Fez sanduíches. Passou o café. Terminou de ler. Visitou a tia. Passou na feira, passeou na praça, tirou as sandálias. A noite acordava, o dia sumia. Olhou para o céu, apalpou as estrelas. Ia para casa, queria ir embora. Quem sabe um dia, não agora. Pintaria a casa, quem sabe outra hora. Juntaria dinheiro, voltaria para faculdade. Novos amigos... um amor do seu lado. Visitaria a mãe... diria ao pai que o ama. Tomou um banho. Pegou um livro, do Paulo Coelho. Ligou a tv...queria ver um filme...se embrenhou na leitura. Esquentou a janta...abriu a fanta. Lembrou da cerveja e sentou pra jantar...queria um sonho, mas tinha tantos...Ia terminar o sábado...
de Hugo Espíndola ( Esse conto faz parte de uma trilogia, que irei publicar com o tempo)
Muito bom mesmo... a forma nos permite uma leitura ritimada. Parabéns!!!!
ResponderExcluir