quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

RINA



A menina de olhos puxados só tinha um sonho.
Todas as noites ela sonhava com o garoto do sorriso cativante. Ele era alto, cabelos encaracolados, moreno e encantador. O sorriso dele abria caminhos! Ele tocava flauta viajando o mundo. Por onde passava seduzia a todos com suas canções. Certo dia, na aldeia distante onde Rina vivia com sua família, ele chegou. Trouxe consigo suas histórias de mudar o mundo e ajudar os mais necessitados. Rina, a menina de olhos puxados, percebeu que seus pensamentos não eram somente dela. Toda vez que o via, seu coração acelerava, suas veias corriam como a correnteza de um rio. Ela descobriu a alegria. O medo de algo que ela não conseguiria explicar aplacou no seu peito. Decidiu então escrever a ele uma carta. Nela, teceu cada detalhe de suas observações sobre o menino. Ele leu, enviou a ela uma rosa vermelha.
Ela descobriu um novo sentimento; nunca antes havia sido tão feliz.
Mas
Chegou o dia em que ele partiu.
Deixou com ela um papel com uma bonita letra de música e disse que gostaria que ela partisse com ele.
Mas ela não poderia deixar sua aldeia, as crianças que ela ensinava. Sua família. Chorou a noite cheia de estrelas...
Ele foi embora com seu sorriso carregado de tristeza.
Ela ficou juntando os pedaços de si mesma... A cada dia novo recolhendo cada lembrança, cada gesto do amor que apenas brotou.
Todas as noites, ela ia ao jardim de sua casa e sozinha, bem calada chorava
Cada lágrima adubou a roseira. Cada gota fez nascer uma rosa, rosas vermelhas.
Por onde andaria aquele menino após tanto tempo?
Ainda se pergunta a menina de olhos puxados e coração tristonho.
Na aldeia em todas as casas, há muitas roseiras.
Rina as planta, as colhe e as vende. Assim ajuda a cidade crescer.
Sua dor tornou-se o sustento das famílias da pequena aldeia Novo Horizonte.
Sua dor aduba a alegria das pessoas.

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