sábado, 20 de março de 2010

S e g u n d o ATO

P E D R O liga o som. Acerta o despertador. Atira a roupa no cesto. Se enrola na toalha. Liga o chuveiro!

Guarda a moto. Acorda cedo. Toma café...veste o mesmo uniforme. O pai se aposentou. A mãe prepara o jantar. A vizinha lê Calabar...

O ponteiro se adianta. Pedro levanta. Desliga o som, tira o cd. Liga a tv. Põe um filme. Não conta o tempo. Esquece a hora. Bebe o vento.

Paga o aparelho. Compra um tênis, alguns novos cd´s...Alguém o vê

não bebe leite. Não bebia cerveja. Não se senta à mesa. Não vai ao bar. Joga sinuca. Nem esquenta a cuca...Beija na boca. Vai a um motel...Guarda um dolar.

Chega no horário. Bate o armário. Ri a toa. Visita os amigos, tomam tereré, falam de mulher...

acabou o sábado...a moça olha o céu, outra não tira a maquiagem...

Pensa na praia. Olha por baixo da saia. A moça nem nota. Liga o som. Desliga a tv. Abraça a almofada. Coleciona playboy..Faz serviços de motoboy..

enlouquece ao vê-la...Linda e loira..Ela nem o percebe.Mas ele descobre..Seu nome é Amanda!

( o conto que compoe a trilogia que iniciei com Rosa em cena)

sábado, 6 de março de 2010

São João


O céu enfeitado de papel. A fogueira acesa. O frio congela os ossos de Novo Horizonte. Pequena cidade ao sul. Ivete beberica o quentão. Termina de cobrir as maçãs do amor. Expõe na frente da barraca de sapé, os quindins feitos por ela. Sorri... Davi procura uma estrada que o destino o leve para longe. Mas sempre se encontra ali, no mesmo lugar, a cada passo mais perdido. Aquele pequeno redemoinho que ele viu aos 8 anos cresceu naquele verão e o engoliu para dentro de seu próprio casulo. A vida esqueceu a maquiagem. Os dias se cansaram de correr. Ivete se lambuza de desejo. Davi tenta fugir, mas o mesmo caminho se torna inevitável em noites sujas e febris. Quando sempre não se tem para onde ir. Ela assiste a quadrilha. Se entope de lembranças. Ele carrega o fardo de não ter fardos. A mãe partiu, com as mãos pintadas de paixão. Abandonou o pai que foi morar numa garrafa de pinga, mergulhado na embriaguez. Ivete procura Chico com os olhos. O irmão dela procura as estrelas que perdeu no céu... mas o céu se encheu de papel, se formando outro obstáculo. A noite nua espera o corpo cru de Davi... ela também o deseja. Janelas se abrem. Maridos fingem o sono para que suas esposas se satisfaçam nos músculos frágeis do garoto de 18. Mas ele fecha seus labirintos. Chico desencontra Ivete. Ela entope o fim com seus quindins. Davi caminha sem fim, esperando chegar a outro lugar.

São João



O céu enfeitado de papel. A fogueira acesa. O frio congela os ossos de Novo Horizonte. Pequena cidade ao sul. Ivete beberica o quentão. Termina de cobrir as maçãs do amor. Expõe na frente da barraca de sapé, os quindins feitos por ela. Sorri... Davi procura uma estrada que o destino o leve para longe. Mas sempre se encontra ali, no mesmo lugar, a cada passo mais perdido. Aquele pequeno redemoinho que ele viu aos 8 anos cresceu naquele verão e o engoliu para dentro de seu próprio casulo. A vida esqueceu a maquiagem. Os dias se cansaram de correr. Ivete se lambuza de desejo. Davi tenta fugir, mas o mesmo caminho se torna inevitável em noites sujas e febris. Quando sempre não se tem para onde ir. Ela assiste a quadrilha. Se entope de lembranças. Ele carrega o fardo de não ter fardos. A mãe partiu, com as mãos pintadas de paixão. Abandonou o pai que foi morar numa garrafa de pinga, mergulhado na embriaguez. Ivete procura Chico com os olhos. O irmão dela procura as estrelas que perdeu no céu... mas o céu se encheu de papel, se formando outro obstáculo. A noite nua espera o corpo cru de Davi... ela também o deseja. Janelas se abrem. Maridos fingem o sono para que suas esposas se satisfaçam nos músculos frágeis do garoto de 18. Mas ele fecha seus labirintos. Chico desencontra Ivete. Ela entope o fim com seus quindins. Davi caminha sem fim, esperando chegar a outro lugar.