O céu enfeitado de papel. A fogueira acesa. O frio congela os ossos de Novo Horizonte. Pequena cidade ao sul. Ivete beberica o quentão. Termina de cobrir as maçãs do amor. Expõe na frente da barraca de sapé, os quindins feitos por ela. Sorri... Davi procura uma estrada que o destino o leve para longe. Mas sempre se encontra ali, no mesmo lugar, a cada passo mais perdido. Aquele pequeno redemoinho que ele viu aos 8 anos cresceu naquele verão e o engoliu para dentro de seu próprio casulo. A vida esqueceu a maquiagem. Os dias se cansaram de correr. Ivete se lambuza de desejo. Davi tenta fugir, mas o mesmo caminho se torna inevitável em noites sujas e febris. Quando sempre não se tem para onde ir. Ela assiste a quadrilha. Se entope de lembranças. Ele carrega o fardo de não ter fardos. A mãe partiu, com as mãos pintadas de paixão. Abandonou o pai que foi morar numa garrafa de pinga, mergulhado na embriaguez. Ivete procura Chico com os olhos. O irmão dela procura as estrelas que perdeu no céu... mas o céu se encheu de papel, se formando outro obstáculo. A noite nua espera o corpo cru de Davi... ela também o deseja. Janelas se abrem. Maridos fingem o sono para que suas esposas se satisfaçam nos músculos frágeis do garoto de 18. Mas ele fecha seus labirintos. Chico desencontra Ivete. Ela entope o fim com seus quindins. Davi caminha sem fim, esperando chegar a outro lugar.
Muito bom o texto, parabéns!
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