O sol batia forte. A casa não tinha mais a cor viva. As cadeiras de ferro já enferrujadas. Lembrava do rosto, mas não do sonho. Que esteve perdido...
Ouvi vozes. O arrastar de minha vó... A distribuição dos móveis era a mesma. A madeira não cheirava mais a ipê...A sala escurecida pelas grandes cortinas rendadas, umas sobrepostas às outras. Uma árvore alta, de flores amarelas, a cor viva. Meu quarto aceso à meia luz pelo abajur pequeno de base cor azul, quebrável. Colocado da mesma maneira, na cabeceira da cama, que possuía um baú com abertura lateral e aparador em cima. A chuva chorou as lembranças. A tarde silenciou o alvoroço de todos que transitavam no passado. E eu encontrando o futuro, perdido nessa memória presente. O tempo levou a vitrola. Os dias se passaram com o vôo dos pássaros, procurando o verão. O chimarrão está frio e a mesa de centro está no canto da parede amparando objetos de porcelana e metal... a imponente estante preta não mais suporta tanto peso sobre ela. Pendida sobre o tempo.
Não ouço as conversas que se misturavam, nem vejo as pessoas amigas que se aglomeravam.
O pó encobriu o deserto das horas. A tela mantem as silhuetas.
A casa rosa não tem mais a sua cor viva... O sol se foi, a neblina envolve a cidadela. Os sonhos são outros. A vida passa...
Ligo o coração, aperto stop... me vou para o norte. E assim a história continua.
descrevo essa memória
para constar.
Por um instante vi Dona França preparando seu chimarrão. Que momento fecundo poder voltar às memórias.
ResponderExcluirBrigaduuuuuuuuuu!